Anísia estava
com a pulga atrás da orelha. A maneira como Vitório vinha lhe tratando
ultimamente chega já estava irritando. Era um tal amor que vamos combinar: boa
coisa não podia ser. Um homem bronco daqueles inventava de trazer flores, de
dar beijinho no cangote, de encostar o pezinho frio no dela debaixo da coberta.
Ah, mas ele ia ver.
Um belo dia ele saiu para o bar,
Anísia foi atrás. De soslaio, como quem não quer nada, a bolsinha de compra
debaixo do braço, qualquer coisa dizia que estava indo para o mercado. Àquela
hora? Pois é, se não fosse ela, a geladeira vivia vazia, não tinha nem para as
visitas.
Mas a discussão não foi
necessária. Aquele homem estava tão entretido no seu caminho, que nem percebeu
a presença dela. Anísia só sentia o sangue quente subindo para a cabeça, a
mãozinha fechando num soco. Ora.
Vitório agora assobiava. O passo
macio, bem pedante. Mas como tava apresentado! Parou em frente a uma porta,
bateu duas vezes. Abriu uma quenga muito da desavergonhada, flor no cabelo, o
lábio pintado de vermelho, perfume que chega empesteava. Havia de pensar que
era incenso, para sair perfumando o ambiente por aí. Deu um beijinho no rosto,
e puxou ele para dentro.
Anísia deu um pulo, jogou a
quenga para o lado, Vitório para o outro.
- Mulher, cê tá louca? –
surpreendeu-se Vitório.
Mas Anísia não queria saber. Deu
um safanão na sacripanta, rasgou o vestido, e se agarrou no pescoço da pobre,
que começou a sufocar – “me largue, sua louca!”, “Então deixe meu homem em
paz.” A quenga desdenhou: “Quem manda não cuidar do seu macho?”.
Outro safanão, saiu sangue, o
cabelo comprido agora na mão de Anísia.
- Repete se tu é mulher!
- Me larga, sua cachorra!
- Cachorra é você, que não
respeita o homem das outras!
Vitório tentou se afastar de mansinho,
mas Anísia percebeu.
- Volte aqui, seu cabra! Que tu
não é homem!
Vitório podia ser safado, mas
era cabra macho. Não ia levar desaforo da mulher. Mas quando já ia dar o
primeiro tabefe, Anísia foi mais rápida. Agarrou foi logo seus bagos.
- Vai! Tu não é homem? Vem
bater! Te arranco tua macheza é agora!
E apertava mais ainda.
- Oh, meu amorzinho! Vamo, me
largue, minha cabritinha!
Depois desse dia, Vitório nunca
mais foi para o bar, e perdeu os amigos. Pois toda a vez que saía na rua,
alguém dizia: “Essa onça agora mia!”.
Só um aviso: Vitório virou Virgíliio no final do diálogo. Foi um texto divertido, com um certo tempero nordestino.
ResponderExcluirObrigado pela leitura atenta, Azul! O equívoco já foi corrigido! Que bom que você se divertiu com o texto. Continue acompanhando a gente! Um abraço!
ResponderExcluir