Quando
Juvenal viu aquela menina no shopping, em um fim de semana, olhando um cartaz
em frente ao cinema, logo percebeu que aquele era o amor da sua vida. Só
precisava conhecê-la melhor, se apresentar, e ela logo saberia que ambos estavam
destinados a passar junto o resto de suas vidas.
Logo
chegou uma amiga, que a chamou de Ana Júlia. Ana Júlia. Sonoro como aquela
música, de qual grupo era mesmo aquela música? Mas Juvenal não pôde pensar
muito, as duas amigas já se dirigiam para a bilheteria, e Juvenal, sem perder
tempo, logo se postou atrás delas na fila, para saber a que filme iriam
assistir.
Pediram
duas meias para o filme do Homem de Ferro, vejam só, tinham isso em comum, ele
também gostava do Homem de Ferro! Logo comprou sua entrada, e enquanto as duas
escolhiam seu lugar, Juvenal postou-se duas fileiras atrás. Distante o
suficiente para que o coraçãozinho dela não se assustasse – imagine se ela
pensasse que ele era um destes perseguidores? – e perto o suficiente para
usufruir da sua beleza, ela que logo, logo, saberia de seu destino nato com
ele.
Ana
Júlia tinha cabelos curtos, negros, olhos castanhos, a pele amorenada, o nariz
pequeno e sardento, pequena e magra, enfim, como dizem, um tipo mignon. E Juvenal lembrou-se da meia-entrada,
era estudante! Uma menina inteligente, provavelmente a primeira da classe! O
coração de Juvenal palpitava com sua pequena amada, ali tão perto, ele já tão
sabido dela!
Após
o cinema, Juvenal, de longe, acompanhou quando ela saiu do cinema e foi com a
amiga pegar o ônibus. A amiga desceu no seu ponto, e Juvenal acompanhou Ana
Júlia até sua casa. Após sair do ônibus, ela dobrou uma rua e entrou em um
bloco de apartamentos. Juvenal ficou aguardando do lado de fora para ver se ela
apareceria na janela. Uma luz se ligou no terceiro andar, e por um átimo de
segundo Juvenal pôde vê-la, antes que ela cerrasse a cortina.
Juvenal
passou a acompanhá-la todos os dias. Soube que ela gostava de verde, que tinha
um poodle, que às vezes andava descalça na grama, e que tinha vergonha de
mostrar as pernas, e por isso só andava de calça.
E
descobriu também que Ana Júlia tinha um noivo. Um noivo! Mas Juvenal
compreendia as razões de Ana Júlia. Tão desesperançada, apenas noivara para não
ficar sozinha, claro! Logo, logo ele se declarava, e obviamente Ana Júlia
terminaria o noivado!
Mas
não era só Juvenal que estava apaixonado por Ana Júlia. Também havia alguém que
havia se apaixonado por Juvenal.
Sem
que ele desconfiasse, a loira Berenice também vira Juvenal em frente ao cinema,
e se encantara com o moço. E também Berenice começou a observar Juvenal,
seguindo-o astutamente de longe diariamente.
Berenice
logo percebeu quem era a paixão de Juvenal.
E teve uma ideia.
Enquanto
isso, Juvenal soube que Ana Júlia havia marcado a data do casamento. Sem mais
tempo, ele precisava evitar que ela estragasse a sua vida!
Desajeitadamente,
Juvenal levou algumas flores para Ana. Foi até seu prédio, e pediu ao porteiro
que apertasse o botão de seu andar. Mas Ana Júlia não quis atender, claro,
ainda não o conhecia, a pobrezinha.
Juvenal
ficou no meio da rua, sem saber o que fazer, até que viu um carro saindo da
garagem! Era a chance de Juvenal entrar no prédio, declarar-se a Ana, e tirá-la
de um casamento destinado à infelicidade.
Porém
Juvenal não contava com a presença da câmera de segurança do prédio. O porteiro
logo viu o doidinho entrando na garagem, e avisou imediatamente os pais de Ana
Júlia, enquanto ligava para a polícia.
Pobre
Juvenal! Um soco no rosto, as flores ao chão, a polícia algemando-o, e nem pôde
declarar o seu tão profundo amor.
Mas
eis que, quando Juvenal saiu da delegacia, depois de passar uma noite no
xadrez, quem ele vê não é Ana Júlia? Toda à sua espera, com a camisa verde, o
cabelo negro e curto, enfiada em calças compridas, passeando com os pés nus no
gramado, acompanhada de seu fiel cachorrinho?
Juvenal
aproximou-se rapidamente, antes que aquela imagem se desvanecesse como se
miragem fosse, encontrando junto ao seu abraço a carne e o osso de seus desejos!
Mas
era Berenice.
Berenice
podia ter lá suas manias, como perseguir um estranho completo na rua, mas
inteligente ela era: percebeu que era parecida com Ana Júlia, pequena e
magrinha, até o rosto era igual. Então cortou o cabelo, tingiu de escuro,
comprou um poodle, tirou a calça e uma camisa verde da gaveta, e enfim fisgou
Juvenal.
Claro
que Juvenal percebeu depois do beijo que ela era Berenice, ele era meio maluco,
mas não tapado. Porém muito exigente: foram felizes para sempre, até o dia em que
Berenice se esqueceu de retocar as raízes dos cabelos.
Ê Berê!! Esqueceu de retocar as raízes e perdeu o amor do Juvenal!
ResponderExcluirPobre Berê!
Que bom que você torceu pela Berê! Pobrezinha mesmo! Mas sempre tem uma próxima vez... Tem muito gente na rua pra ela se apaixonar e sair seguindo. (risos) Obrigado pela leitura! Abraços!
ExcluirLegal, uma história despretensiosa mas com personagens humanos com loucuras verossímeis e um twist interessante no final.
ResponderExcluirAdorei a análise, Azul! Continue seguindo a gente! Abraços!
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